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Amores líquidos



Vivemos hoje o que os filósofos chamam de tempos líquidos, tudo muda rapidamente, o que impera é a incerteza. O caráter, as virtudes, os princípios são facilmente esquecidos por coisas, existe uma "coisificação" do homem e das relações humanas. Existe uma pressão de "ter", e o "ter agora", as pessoas não criam mais raízes, não aprofundam, não toleram, não estão dispostas a entender o outro, suas angústias, seus anseios e a perdoar. 


Se aparece algo mais "apetitoso", se troca a lealdade pela casualidade, a qualidade pela quantidade. Os estereótipos de corpos perfeitos, cabelos brilhantes, conversas sensuais tomam lugar da parceria... É um mundo de incertezas e cada um por si. A ótica está em olhar para fora, se esquecendo que a maioria desses comportamentos são reflexos de "fugas" internas, memórias mal resolvidas e até inconscientes, tentando encontrar lá fora, satisfação que só se encontra, olhando para dentro.


O sociólogo polonês Zigmunt Bauman afirma que tempos líquidos, vem da proposta que "líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob a menor temperatura e/ou pressão, são incapazes de manter a mesma forma por muito tempo. O impulso de transgredir, de substituir, de acelerar não dá a oportunidade de abrandar, o tempo necessário para condensar e solidificar-se em formas estáveis, com uma maior expectativa de vida." Para ele isso se caracteriza pela obsessão do corpo ideal, culto às celebridades, endividamento, paranóia com segurança e instabilidade dos relacionamentos amorosos.


É preciso energia, dedicação, foco e ação para se edificar tudo na vida, e isso inclui as relações. Os dias desafiadores chegam: as diferenças, o mal humor, a impaciência, as discussões. Somos seres duais, feitos de LUZ  e SOMBRA, nem todos os dias estaremos bem dispostos, alegres e compreensíveis, isso faz parte da natureza humana, e está tudo bem. Mas é preciso estabelecer inteligência emocional para lidar com esses dias, resiliência para suportar os impactos e sair desse estado, voltando a sua forma original. Analisando seus porquês e se reposicionando no cenário, por vezes se adaptando e até sobrevivendo... Bauman afirma que amor não é um objeto encontrado, mas um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço e boa vontade.

Amar amadurece! Nada como um relacionamento para nos confrontar com nós mesmos. São conflitos internos e externos, seus e do outro. Por isso conhecer-se auxilia neste jogo do amor, é preciso saber o que é seu e o que é do outro. Se revelar, aprimorar, crescer e auxiliar.


Me lembrei de Rubens Alves, que disse que amor bom é amor tranquilo. "É aquele jogo de frescobol que para ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra pois o que se deseja é que ninguém erre."



Pense sobre isso, e se fizer sentido para você, procure desenvolver as virtudes que gostaria de ver no outro, manifeste a tolerância e a transparência. 

O diálogo aberto e verdadeiro é capaz de derrubar muitas muralhas. 

Que o poder do amor nos alcance e nos fortaleça.



Se quiser desenvolver autoconhecimento e potencializar sua vida afetiva, terei grande prazer em te auxiliar.

Sharlene Falco.

Coach e analista comportamental.


Referências:


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